Léon Denis

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Title

Léon Denis

Subject

Obras de Léon Denis
Livros espíritas

Description

Obra literária de Léon Denis, em formato digital

Creator

Liber@ Team

Source

http://bde.omeka.net

Publisher

Liber@ Team

Date

2013-01-07

Rights

Liber@ Team

Format

pdf

Language

PT

Type

Text

Identifier

http://bde.omeka.net

Coverage

Século 19, França

Birth Date

1846-01-01

Birthplace

Foug (Tours - França)

Death Date

1927-03-12

Occupation

Filósofo espírita

Biographical Text

Léon Denis nasceu numa aldeia chamada Foug, situada nos arredores de Tours, em França, a 1 de Janeiro de 1846, numa família humilde. Cedo conheceu, por necessidade, os trabalhos manuais e os pesados encargos da família. Desde os seus primeiros passos neste mundo, sentiu que os amigos invisíveis o auxiliavam. Ao invés de participar em brincadeiras próprias da juventude, procurava instruir-se o mais possível. Lia obras sérias, conseguindo assim, com esforço próprio desenvolver a sua inteligência. Tornou-se num autodidata sério e competente.
Aos 18 anos já era representante comercial da empresa onde trabalhava, facto que o obrigava a viagens constantes. Adorava música e, sempre que podia, assistia a óperas ou concertos. Gostava de dedilhar, ao piano, árias conhecidas e de tirar acordes para seu próprio devaneio. Não fumava, era quase exclusivamente vegetariano e não fazia uso de bebidas fermentadas. Encontrava na água a sua bebida preferida. Era seu hábito olhar com interesse para os livros expostos nas livrarias. Um dia, ainda com 18 anos, o chamado “acaso” fez com que a sua atenção fosse despertada para uma obra de título inusitado. Tratava-se de "O Livro dos Espíritos" de Allan Kardec. Dispondo do dinheiro necessário, comprou-o e, recolhendo-se imediatamente ao lar, entregou-se com avidez à leitura. O próprio Léon Denis afirmou: "Nele encontrei a solução clara, completa e lógica, acerca do problema universal. A minha convicção tornou-se firme. A teoria espírita dissipou a minha indiferença e as minhas dúvidas".
O ano de 1882 marca o início do seu apostolado, durante o qual teve que enfrentar sucessivos obstáculos: o materialismo e o positivismo que olhavam para o Espiritismo com ironia e risadas e os crentes das demais correntes religiosas, que não hesitam em aliar-se aos ateus, para o ridicularizar e enfraquecer. Léon Denis, porém, como bom paladino, enfrenta a tempestade. Os companheiros invisíveis colocam-se ao seu lado para o encorajar e exortá-lo à luta. "Coragem, amigo" - diz-lhe o espírito de Jeanne - "estaremos sempre contigo para te sustentar e inspirar. Jamais estarás só. Meios ser-te-ão dados, em tempo, para bem cumprires a tua obra".
A 2 de Novembro de 1882, dia de Finados, um evento de capital importância produziu-se na sua vida: a manifestação, pela primeira vez, daquele Espírito que, durante meio século, havia de ser o seu guia, o seu melhor amigo, o seu pai espiritual - Jerónimo de Praga - que lhe disse: "Vai meu filho, pela estrada aberta diante de ti. Caminharei atrás de ti para te sustentar". A partir de 1910, a visão de Léon Denis foi, dia a dia, enfraquecendo. A operação a que se submetera, dois anos antes, não lhe proporcionara nenhuma melhora, mas suportava, com calma e resignação, a marcha implacável desse mal que o castigava desde a juventude. Aceitava tudo com estoicismo e resignação. Jamais o viram queixar-se. Todavia, bem podemos avaliar quão grande devia ser o seu sofrimento. Apesar de tudo, mantinha volumosa correspondência. Jamais se aborrecia; amava a juventude e possuía a alegria da alma. Era inimigo da tristeza. O mal físico, para ele, devia ser bem menor do que a angústia que experimentava pelo facto de não mais poder manejar a pena. Secretárias ocasionais substituíam-no nesse ofício. No entanto, a grande dificuldade para Denis, consistia em rever e corrigir as novas edições dos seus livros e dos seus escritos. Graças, porém, ao seu espírito de ordem e à sua incomparável memória, superava todos esses contratempos, sem molestar ou importunar os amigos.
Após a Primeira Grande Guerra (1914-1918), aprendeu braille, o que lhe permitiu fixar no papel os elementos de capítulos ou artigos que lhe vinham ao espírito, pois, nesta época da sua vida, estava, por assim dizer, quase cego. Em Março de 1927, com 81 anos de idade, terminara o manuscrito que intitulou de "O Génio Céltico e o Mundo Invisível". Neste mesmo mês a "Revue Spirite" publicava o seu derradeiro artigo.
Terça-feira, 12 de Março de 1927, pelas 13horas, respirava Léon Denis com grande dificuldade. A pneumonia atacava-o novamente. A vida parecia abandoná-lo, mas o seu estado de lucidez era perfeito. As suas últimas palavras, pronunciadas com extraordinária calma, apesar da muita dificuldade, foram dirigidas à sua empregada Georgette: "É preciso terminar, resumir e... concluir". Fazia alusão ao prefácio da nova edição biográfica de Kardec. Neste preciso momento, faltaram-lhe completamente as forças para que pudesse articular outras palavras. Às 21:00 horas o seu espírito alou-se. O seu semblante parecia ainda em êxtase. A seu pedido, o enterro foi modesto e sem o ofício de qualquer Igreja confessional. Está sepultado no cemitério de La Salle, em Tours (França).
Dentre os grandes apóstolos do Espiritismo, a figura exponencial de Léon Denis merece especial referência, principalmente por ter sido o continuador lógico da obra de Allan Kardec. Seguramente constitui tarefa difícil tentar biografar essa grande vida, dada a magnitude da sua missão terrena. A sua personalidade contagiante, o bom senso de que era dotado, a operosidade no trabalho, a dedicação ímpar aos seus semelhantes e o acendrado amor que devotava aos ideais que esposava. Léon Denis foi o consolidador do Espiritismo. Não foi apenas o substituto e continuador de Allan Kardec, como geralmente se pensa. Denis tinha uma missão quase tão grandiosa quanto à do Codificador. Cabia-lhe desenvolver os estudos doutrinários, continuar as pesquisas mediúnicas, impulsionar o movimento espírita na França e no Mundo, aprofundar o aspeto moral da Doutrina e sobretudo consolidá-la nas primeiras décadas do século 20. No Espiritismo, o papel de Kardec é o de sábio e o papel de Denis é o de filósofo.
Léon Denis foi cognominado o APÓSTOLO DO ESPIRITISMO e, pela magnífica atuação desenvolvida, pela palavra escrita e falada em favor da nova Doutrina foi, também, o seu Consolidador. O "filósofo do Espiritismo", de acentuadas qualidades morais, dedicou toda uma longa vida à defesa dos postulados que Kardec transmitira nos livros do Pentateuco espírita. O aspeto moral (religioso) da Doutrina, os princípios superiores da Vida, a instrução, a família, mereceram dele cuidados extremos e, por isso mesmo, a sua vida de provações, exemplo de trabalho, perseverança e fé, é um roteiro de luz para os espíritas, diremos mais, para os homens de bem de todos os tempos. Em palavras de confiança e fé, ele mesmo resumiu assim a missão que viera desempenhar em favor de uma nobre causa:
"Consagrei esta existência ao serviço de uma grande causa, o Espiritismo ou Espiritualismo moderno, que será certamente a crença universal, a religião do futuro".
A sua bibliografia é bastante vasta e composta de obras monumentais que enriquecem as bibliotecas espíritas. Deve-se a ele a oportunidade ímpar que os espíritas tiveram de ver ampliados novos ângulos do aspeto filosófico da Doutrina Espírita, pois, as suas obras, de um modo geral, focalizam numerosos problemas que assolam os homens, e também a sempre momentosa questão da sobrevivência da alma humana, em seu laborioso processo evolutivo. Léon Denis imortalizou-se na gigantesca tarefa de dissecar problemas atinentes às aflições que acometem os seres encarnados, fornecendo valiosos subsídios no sentido de lançar novas luzes sobre a problemática das tribulações terrenas, deixando de lado os conceitos até então prevalecentes, para apresentá-la aureolada de ensinamentos altamente consoladores, hauridos nas fontes inesgotáveis da Doutrina dos Espíritos.
Dedicando-se ao estudo aprofundado do Espiritismo, em seu tríplice aspeto de ciência, filosofia e religião, demorou-se com maior persistência na abordagem do aspeto filosófico. Concomitantemente com os seus profundos estudos nesse campo, também deu valiosa contribuição na abordagem e estudo de assuntos históricos, fornecendo importantes subsídios no sentido de esclarecer as origens celtas da França e no tocante ao dramático episódio do martírio de Joana D'Arc, a grande médium francesa.
Seus estudos não pararam aí. Ele preocupou-se, sobremaneira ,com as origens do Cristianismo e o seu processo evolutivo através dos tempos. Dentre as suas múltiplas ocupações, foi presidente de honra da União Espírita Francesa, membro honorário da Federação Espírita Internacional, presidente do Congresso Espírita Internacional, realizado em Paris, no ano de 1925. Teve também a oportunidade de dirigir, durante longos anos, um grupo experimental de Espiritismo, na cidade francesa de Tours. A sua atuação no seio do Espiritismo foi bastante diversa daquela desenvolvida por Allan Kardec. Enquanto o Codificador exerceu as suas nobilitantes atividades na própria capital francesa, Léon Denis desempenhou a sua dignificante tarefa na província. A sua inusitada capacidade intelectual e o descortino que tinha das coisas transcendentais, fizeram com que o movimento espírita francês, e mesmo mundial, gravitasse em torno da cidade de Tours. Após a desencarnação de Allan Kardec, essa cidade tornou-se o ponto de convergência de todos os que desejavam tomar contacto com o Espiritismo, recebendo as luzes do conhecimento, pois, inegavelmente, a pleiade de Espíritos que tinha por incumbência o êxito do processo de revelação do Espiritismo, levou ao grande apóstolo toda a sustentação necessária, a fim de que a nova doutrina se firmasse de forma ampla e irrestrita. Enquanto Kardec se destacou como uma personalidade de formação universitária, que firmou o seu nome nas letras e nas ciências, antes de se dedicar às pesquisas espíritas e codificar o Espiritismo, Léon Denis foi um autodidata que se preparou em silêncio, na obscuridade e na pobreza material, para surgir subitamente no cenário intelectual e impor-se como conferencista e escritor de renome, tornando-se figura exponencial no campo da divulgação doutrinária do Espiritismo.
Denis possuía uma inteligência robusta, era um grande orador e escritor, desfrutando de apreciável grau de intuição. Referindo-se a ele, escreveu o seu contemporâneo, Gabriel Gobron: "Ele conheceu verdadeiros triunfos e aqueles que tiveram a rara felicidade de ouvi-lo falar a uma assistência de duas ou três mil pessoas, sabem perfeitamente quão encantadora e convincente era a sua oratória."Denis jamais cursou uma academia oficial, entretanto, formou-se na escola prática da vida, na qual a dor própria e alheia, o trabalho mal retribuído, as privações heroicas, ensinam a verdadeira sabedoria. Por isso dizia sempre: "Os que não conhecem dessas lições, ignoram sempre um dos mais comovedores lados da vida." Com o concurso de sua inteligência invulgar, furtar-se-ia à pobreza, mas ele preferiu viver nela pois, em sua opinião, era difícil acumular egoisticamente para si, aquilo que ele recebia para repartir com os seus semelhantes.Com idade bastante avançada, cego e com uma constituição física relativamente fraca, vivia ainda cheio de tribulações. Nada disso, entretanto, mudava o seu modo de proceder. Apesar de todas essas condições adversas, a todos ele recebia obsequioso. Desde as primeiras horas da manhã ditava volumosa correspondência, respondendo aos apelos das inúmeras sociedades que fundara ou de que era presidente honorário. Onde quer que comparecesse, davam-lhe sempre o lugar de maior destaque, lugar conquistado à custa de profunda dedicação, perseverança e incansável operosidade no bem.

Bibliography

Cristianismo e Espiritismo
Depois da Morte
Espíritos e Médiuns
Joana D'Arc, Médium
No Invisível
O Além e a Sobrevivência do Ser
O Espiritismo e o Clero Católico
O Espiritismo na Arte
O Gênio Céltico e o Mundo Invisível
O Grande Enigma
O Mundo Invisível e a Guerra
O Porquê da Vida
O Problema do Ser, do Destino e da Dor
O Progresso
Provas Experimentais da Sobrevivência
Socialismo e Espiritismo